Quero ajudar você a decidir se está mesmo na hora de trocar de equipamento. E, se estiver, em qual parte do seu equipamento investir mais.
Muita gente acredita que precisa de uma nova lente ou uma câmera Full Frame, ou a última traquitana tecnológica que apareceu naquela revista de fotografia que você insiste em comprar todo mês. Mas será que é isso mesmo? Vamos pensar juntos.
Antes de mais nada…
Preparei algumas perguntas para você responder. Elas levantarão suspeita sobre seus conhecimentos de técnica fotográfica. Seja sincero, não precisa contar pra ninguém o resultado. Apenas tome a decisão correta.
- Você tem certeza que está tirando o máximo de resultado que pode dele?
- Você sabe fotografar confortavelmente em modo Manual, Prioridade de Abertura e Prioridade de Tempo?
- Você sabe o que é compensação de exposição?
- Você sabe o que são os Modos de Medição (matricial, ponderado ao centro e pontual)?
- Você sabe quando, como e porque usar foco manual, automático ou contínuo?
- Você conhece alguém que usa o mesmo equipamento (câmera e lente) e faz fotos tecnicamente melhores?
- Você conhece bem os recursos que seu equipamento oferece?
- Você sabe qual é o melhor ajuste de ISO, Abertura e Tempo para ter a máxima nitidez em suas fotos?
- Você está ganhando dinheiro suficiente com o seu equipamento atual para que ele mesmo pague pelo upgrade pretendido?
- Você conhece a relação que existe entre a contagem de pixels e tamanho de impressão?
- Você sabe exatamente em quais aspectos a mudança de um sensor APS para FF impacta na qualidade final das imagens?
- Você sabe o que é interpolação, DPI e PPI?
- Você sabe exportar corretamente suas imagens conforme o tipo de mídia em que elas serão aplicadas (WEB, papel fotográfico, fotolivros, fine art prints…)?
- Se você respondeu NÃO para alguma dessas perguntas, eu sugiro que você não troque ainda seu equipamento. Invista em aprimorar seu conhecimento. Se o aprimoramento não trouxer melhoras de qualidade final das imagens, vá às compras.
Mas tenha certeza que é o equipamento que está limitando seu trabalho e não a sua falta de conhecimento em alguma área fundamental da fotografia.
Seja sincero consigo mesmo, invista em você e economize seu dinheiro sempre que possível. Se precisar de ajuda nesta área, veja isso.
Possibilidades de troca (ou incremento)
Existem muitas possibilidades de troca, ou upgrade, do seu equipamento.
Algumas são mais promissoras em termos de resultados que outras. Depende do que você pretende na fotografia e do estágio em que você está.
Como todos nós temos limites de orçamento para isso, é bom considerar vários pontos de vista antes de sair gastando.
Lentes melhores
Lentes são incríveis! Já publiquei um post especial sobre elas.
Para melhorar seu setup no campo das lentes, é fundamental que você tenha definido muito bem a área de atuação.
Fotografia de arquitetura demanda ótimas grande-angulares, fotografia de esportes demanda ótimas teles, fotografia de retratos demanda boas aberturas e excelente nitidez, documentários vai se beneficiar de equipamentos mais discretos e leves…
Como não existe lente no mundo que tenha todas as qualidades que sempre queremos, precisamos priorizar.
No entanto, gastar em lentes é quase sempre melhor que gastar em corpo de câmera. Uma lente dura muito mais que uma câmera. E lentes muito boas são geralmente bem caras, muitas vezes mais caras que as câmeras.
Ao comprar uma lente considere os seguintes aspectos:
- Construção reforçada e precisa. Corpo metálico, bem justo e bem acabado.
- Verifique se o modelo tem vedação contra intempéries. Mesmo que você não vá fotografar no meio do mata, é sempre um fator de maior durabilidades.
- Se for tele-objetiva, prefira sempre as que possuem algum sistema interno de estabilização. Especialmente em teles longas.
- Verifique a distância focal que seja mais útil par ao seu trabalho. Use a ferramenta de busca do módulo Biblioteca do Lightroom, para isso (tecla “\”).
- Compra a lente mais clara que puder. Lembre-se que a maior abertura de uma lente nunca é a mais nítida. Com uma lente muito clara (abertura muito grande) você pode usa-la ainda um pouco fechada e com nitidez máxima.
- Verifique no mercado de usados. Geralmente a diferença de preço é enorme. E sempre tem alguém vendendo uma lente que era seu xodó, por um preço bom.
- Verifique a versão da lente. Quase todos os fabricantes atualizam as suas lentes mais clássicas com “geração 1”, “geração 2″…prefira as mais recentes.
De APS para Full Frame
Esse é um salto muito desejado, geralmente por quem segue as tendências de mercado, mas nem sempre com razão.
Para muitos trabalhos, uma câmera APS é mais vantajosa que uma FF. Por exemplo, para esportes, fotografia de natureza ou espetáculos. O ganho de Distância Focal por causa do sensor cropado é muito interessante para quem precisa trabalhar com lentes longas.
As câmeras FF são realmente úteis para grandes paisagens e arquitetura. Situações onde grande-angulares de qualidade são requeridas.
Se a questão for uma alta contagem de pixels (como no caso de moda, fineart e publicidade), as realmente FF devem ser sua opção. Às vezes até maiores que isso. Sensores maiores, comportam uma resolução maior sem implicar em ruído.
De 1 para 2
Quem trabalha com lentes fixas como eu, gosta de ter sempre dois corpos de câmera do mesmo modelo.
Assim, ao invés de trocar de lente, troca-se de câmera já com a segunda lente. O resultado em termos de arquivo fica consistente em cor e a sua rapidez em lidar com o lay-out do equipamento não é prejudicada.
Fora isso, ter um segundo corpo igual é um fator de segurança no trabalho. Se houver algum problema com o primeiro, tem-se o segundo bem à mão.
De DSLR para Mirrorless
Neste artigo eu falo mais detalhadamente das mirrorless e da minha experiência de migração das DSLR para esse novo (não tão novo assim) conceito.
Mas a questão aqui é simples: no futuro próximo não haverá DSLRs como há hoje. Elas serão um tipo de câmera de nicho. O padrão do mercado já está se tornando a mirrorless.
No entanto, estamos vivendo uma fase em que há muita câmera DSLR de ótima qualidade no mercado de usados. E mesmo as DSLRs novas, tem caído de preço por conta da onda mundial das mirrorless.
Uma câmera como a 7D ou 60D ou até anteriores, é uma câmera excelente! Se você está começando na fotografia ou precisa ampliar seu arsenal, talvez seja uma ótima ideia adquirir uma DSLR de qualidade e usada.
Se você já tem uma ótima DSLR e pode migrar para o novo padrão, não demore. O preço do seu atual equipamento vai cair muito no futuro próximo.
Estou escrevendo este artigo no início de 2021. E creio que até o final do ano que vem as grande marcas não lançarão mais câmera DSLR! É palpite, posso estar errado, mas o mercado caminha para essa direção.
Mais megapixels
Isso é uma demanda de áreas específicas da fotografia. Se você tem uma câmera de 24Mpx saiba que pode fazer impressões em 300DPI de até 20″na aresta maior. Ou seja, aproximadamente 50cm!
Se o seu trabalho final é apresentado em álbuns ou fotolivros, vai imprimir menor que isso sempre!
24Mpx é praticamente um padrão de câmeras hoje em dia. Mesmo que você precise/queira criar impressões maiores, ainda pode lançar mão de um bom procedimento de interpolação.
A interpolação é um processo de “ganho” de pixels artificialmente. Softwares que fazem esse trabalho (entre eles o LR e PS), calculam novos pixels baseados nos pixels originais. E facilmente você pode transformar um arquivo de 6000px x 4000px para 20% ou 30% maior.
No entanto, se você pensa em imprimir FineArt em tamanhos grandes (maior que A2), ou fornecer arquivos digitais para o mercado de publicidade, realmente comece a pensar em sensores de 50Mpx ou mais.
Mas cuidado. Alta contagem de pixels exige tamanho maior de sensor. 50Mpx já é um assunto para sensores de médio formato. Do contrário, você terá um arquivo gigante, com baixa precisão.
Outro detalhe a se considerar é o poder de processamento do seu computador utilizado na pós-produção. Mas falo disso no próximo tópico.
Dependendo da sua área de atuação você não vai querer ter arquivos enormes para processar.
Por exemplo, quem fotografa casamentos, gera um lote de 3mil, 5mil até 8mil arquivos por evento! Imagine ter que lidar com arquivos de 50Mpx nesta quantidade! O padrão de 24Mpx é, sem nenhuma dúvida, mais que suficiente para esse tipo de trabalho.
Por isso não se deslumbre! A alegria inicial pode virar um problema operacional caro e difícil de se resolver.
Computador adequado
Já escrevi, de forma mais básica sobre o computador ideal para tratamento e manipulação de imagens neste post.
Mas quando damos um salto para arquivos mais pesados, uma demanda natural é a atualização do computador.
Antes que você me pergunte “e necessário que seja um Apple?”, eu já respondo que não. Mas uma das maiores vantagem dos equipamentos Apple está sua estabilidade e compatibilidade incrível entre si. É tudo muito lógico e simples.
No entanto, mesmo para quem quer processar arquivos RAW de 50Mpx ou mais um computador PC com sistema Windows, se bem confugurado dará conta do recado tranquilamente.
Os pontos mais importantes são:
- Ter pelo menos 8Gb de memória RAM. Se possível 12Gb ou 16Gb.
- Tem um HD interno do tipo SSD (solid state drive). Eles são muito mais rápidos e estáveis que os HD de discos móveis.
- Ter o processador mais rápido que o seu dinheiro puder comprar.
- Ter um monitor externo de 21″ou maior e (importantíssimo) devidamente calibrado!
- Ter uns 2 ou 3 bons HDs externos para um eficiente sistema de backup!
As melhorias no computador não serão necessariamente percebidas pelo seu cliente. Mas vão dar segurança ao seu fluxo de tratamento de imagens e velocidade às suas entregas, o que é muito desejável num mercado competitivo como o da fotografia profissional.
Simples atualização de equipamento
Trocar de câmera por que a sua atual câmera está saindo de mercado também é algo a se considerar. A ideia aqui é não perder a chance de ainda vender o seu equipamento por algum bom valor.
Eu costumo trocar de câmeras mais ou menos a cada dois anos. Espero sair o último modelo da marca para comprar o penúltimo. Sempre vejo uma vantagem financeira muito atrativa nisso.
É preciso considerar que na hora da compra do novo equipamento, o seu atual deve estar com algum valor de mercado que possa ser apurado. Assim seu investimento não é tão pesado.
Muitas vezes somos tentados a comprar sempre o último modelo da marca. Mas pense bem, se a sua câmera fazia excelente fotos há dois anos, por que ela não faria hoje?
Procure manter-se na mesma marca
Não por nenhum tipo de lealdade à marca. Isso é infantil.
Marcas de equipamentos fotográficos são como marcas de carros hoje em dia. Todas elas tem produtos simples/básicos, intermediários e excelentes. A competição nessa indústria é incrível.
Não se deixe levar por qualquer tipo de “torcida” por essa ou aquela marca.
Considere que trocar de marca é sempre um problema a mais. Você terá que substituir quase tudo no seu kit a médio prazo.
As principais marcas do mercado são: Sony, Canon, Nikon, Olympus, Pentax, Fuji, Panasonic, Leica. Todas elas são incríveis, depende do modelo de equipamento e da aplicação.
Luz é vida!
Câmeras são básico. Lentes são jóias. Mas luz é a essência da fotografia. Boa luz, boa fotografia.
E criar boa luz depende de conhecimento e equipamento.
Vou deixar um conselho aqui que sei que muita gente não segue, mas um dia lá na frente acaba se lembrando dele: invista em dominar o flash dedicado!
O flash é um aliado incrível. O bom uso do flash frequentemente supera o resultado com luz natural. O mau uso do flash pode estragar tudo! Domine o flash o quanto antes na sua carreira.
Aliás conheço muita gente que diz “adoro fotografar com luz natural, por isso não uso flash”. Aqui dentro eu sempre fico pensando se é isso mesmo ou se a pessoa não sabe usar o flash. Não há luz natural que não possa ser imitada perfeitamente e artificialmente.
Flashes dedicados são equipamentos baratos. Com menos de mil reais compra-se um flash Godox, por exemplo, que fará milagres, se bem usado. Se você juntar a ele, um rádio flash, alguns acessórios de modificação de luz… você terá um pequeno-grande arsenal na mochila.
Uma cena bem iluminada com flash faz quase qualquer lente entregar mais nitidez. A lente só entrega o seu máximo, quando tem a melhor luz possível.
Fora isso, se você usa uma câmera de entrada, simples, básica, com limitações ao ISO alto por causa de ruídos, o flash minimiza fortemente esse problema. ISO alto, com boa luz, não apresenta ruído perceptível!
Elefantes brancos
Se você está em busca de um equipamento muito específico, mas sabe que vai usar pouco, considere alugá-lo quando precisar, ou mesmo encontrar uma alternativa não tão tecnicamente precisa.
Muitas vezes compramos por exemplo uma lente 6mm fish-eye que será usada uma vez na vida, outra na morte. Se um dia precisar vendê-la vai ter problemas. Ela é caríssima e de pouquíssimo uso. Além disso, se precisar de alguma peça de reposição, vai ser difícil.
Geralmente eu considero equipamentos tipo “elefantes brancos”, os seguintes:
- Lentes fish-eye
- Lentes super-teles fixas
- Lentes Tilt-shift
- Câmeras IR
São uma alegria quando compramos, mas quando precisamos vender…
Resumindo
Siga a seguinte estratégia para decidir sobre a atualização do seu equipamento:
- Investimento em boas lentes é melhor que investimento em corpo
- APS ou FF é uma decisão ligada à sua área de atuação
- Alta contagem de pixel deve ter um propósito claro: grandes impressões
- Lentes fixas trazem mais nitidez, lentes zoom trazem mais versatilidade
- Câmeras Mirrorless são o futuro (já presente) da fotografia digital, mas ainda são caras. Migre assim que puder.
- Megapixels a mais são desejáveis para trabalhos de impressão de grande formato
- Computador melhor é sempre melhor!
- O flash é um amigo inestimável se bem usado. Melhora a nitidez e amplia as suas possibilidades.
- Se o equipamento que você está querendo adquirir é de pouco uso e/ou caro, considere alugá-lo somente quando precisar.
Use esses sites para mais detalhes técnicos específicos na hora da sua pesquisa:
Além disso, o site da BH também é uma ótima opção para consulta de preços e características técnicas dos equipamentos.
Espero ter te ajudado na sua tomada de decisão.
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