Perto de outros colegas documentaristas eu me considero um cara econômico em termos de peso na mochila. Meu equipamento preferido para situações simples (que não envolvam viagem longa) é uma câmera APS, uma lente uma 35mm e uma 90mm, algumas baterias, dois cartões e o boné.
Sempre que posso realizar um trabalho somente com esse equipamento eu fico especialmente feliz. O mundo todo em quase todas as áreas passa por uma redescoberta do “menos é mais”. Uma coisa bem oriental, que nós ocidentais demoramos para aprender.
Nossos guarda-roupas, estantes, escrivaninhas, HDs dos computadores, players de MP3… estão lotados. Temos muito mais do que conseguimos desfrutar. A internet nos abarrota com informação demais e um dos nossos problemas atuais é a organização e filtragem de tudo.
Em meio ao tsumani de quase tudo, parece que existe um movimento forte de pessoas que querem simplificar a vida. E isso pode ser muito saudável. A pouco tempo fui desperto para “revisitar a biblioteca”. Ao invés de comprar novos livros, rever, ver com nova leitura, velhos livros que estão em casa, na família.
Temos uma tendência de acreditar que o novo, o recém lançado é melhor. Às vezes sim, às vezes não.
Eu fico pensando que grandes escritores, estudiosos, pensadores de séculos passados deveriam ter bem poucos livros. Talvez uma tábua com 20 ou 30 livros? Mas fizeram grandes obras com esses poucos.
Meu palpite é que tinham poucos e bons livros. E além disso sugavam tudo o que podiam dos livros e dos seus próprios cérebros. Envolviam-se mais no pensar do que nós? Acho que sim.
Como fotógrafos, creio que seja uma ótima idéia aprendermos a tirar o máximo do mínimo.
A vida fica mais desafiadora, mais leve e mais barata. A sua intimidade com o seu equipamento aumenta e a sua prática fotográfica fica mais rápida e precisa.
Ter poucos e bons equipamentos, ao invés de muita tralha para pesar na sua mochila e te atrapalhar na hora da captura das imagens. Essa é uma boa idéia. Tem sido boa pra mim.
Se você anda pensando nesse assunto, sugiro a leitura do livro “Essencialismo – A disciplinada busca por menos” de Grag McKeown, editora Sextante.
Uma dica: experimente sair para fotografar (como treinamento pessoal) um período só com 1 câmera e 1 lente. De preferência uma lente fixa, se puder. Explore o local escolhido de acordo com as possibilidades que a sua lente lhe dá. A lente fixa limitará suas opções e te forçará a se movimentar, se posicionar, a pensar melhor no enquadramento. Lidar com limites é incômodo no início, mas é estimulante e desafiante.
Ao contrário do que pode parecer, limites expandem a criatividade. Ainda vamos falar mais sobre isso. Imponha-se limites (pelo menos alguns)! Pense nisso.