O que é uma linha editorial? E como posso criar uma?

Linha editorial é a direção do seu blog, da sua marca ou do veículo de comunicação que você participa ou conduz. É a expressão da maneira como você encara, considera ou entende um assunto, um grupo de assuntos e/ou o ambiente do assunto; ela indica sua forma de entender, seus valores, seus padrões e impacta diretamente na forma como você se comunica com a sua audiência.

Na prática, todo mundo tem dificuldade em traça a linha editorial. Entender o que ela é, é uma coisa. Criar uma é outra. Além disso ela é uma etapa anterior à criação do mapa de conteúdo.

Podemos trabalhar em um nicho de fotografia e de assuntos com diversas ênfases ou inclinações. Por exemplo: fotografia de pets. Mas pode ser fotografia de pets, com ênfase na alegria, na amizade com os “pais de pets”, ou com ênfase na morfologia do animal, ou na linha pets glamurosos, ou documental (dia-a-dia da família)…

Veja que dentro de um mesmo nicho, é possível (e muito desejável) que você estabeleça um “jeitão”, um certo tipo de abordagem dentro do nicho. Isso é transformador para o seu empreendimento, tanto em termos de conteúdo para o blog/portfólio, quanto para a modelagem do seu negócio e posicionamento da sua marca.

Vou deixar aqui algumas ideias que eu usei para traçar a linha editorial deste blog, e que ainda uso para alinhá-la sempre que preciso.

Liste as principais dúvidas dos seus clientes

É importantíssimo colecionar os contatos com os clientes. Tudo o que o cliente fala é como areia com pedacinhos de ouro escondidos. Precisamos penerar, observar, prestar bastante atenção para extrair dali o que tem valor para nosso negócio.

O cliente é sempre a sua maior fonte de informação.

Então, se você não tem o hábito de anotar insights que os seus clientes lhe dão, comece já.

Sempre que queremos atrair o cliente a comprar algo que estamos vendendo, é fundamental pensar em tudo o que dificulta a jornada de compra dele.

Se ele está em um determinado ponto do funil de vendas, preciso pensar em tudo o que pode levá-lo para o próximo ponto do funil, tudo o que o aproxima da decisão de compra.

Por exemplo: se meu cliente me diz que não tem muito tempo para estudar fotografia (e meu produto é cursos de fotografia), eu anoto isso como uma objeção dele: “Não tenho muito tempo para estudar fotografia”.

Essa objeção vai me conduzir a argumentos que o convençam que ele pode estudar no seu tempo, que ele pode fracionar os estágios de desenvolvimento, que algum tempo nas horas vagas é suficiente para se desenvolver…

Se a sua cliente, mãe de família, diz que o ensaio fotográfico de família é algo difícil de lidar porque o marido não gosta de tirar fotos, você anota isso como objeção: “Maridos não gostam de tirar fotos”.

E passa a desenvolver táticas e argumentos que derrubem essa objeção. Por exemplo: ensaios rápidos, ensaios sem o marido, ensaios em ambientes em que o marido se identifica mais do que no estúdio…

Então, essa lista de falas dos seus clientes, é a melhor fonte de ideias que você pode cultivar. Nas verdade ela geralmente expressa os problemas, mas quase sempre, a expressão do problema (da objeção) traz em si uma ou mai soluções.

Analise sua concorrência

Aqui é olhar para fora do seu trabalho, para fora do ambiente dos seus clientes.

Liste 10 concorrentes fortes seus. Entre nos sites e blogs deles e anote tudo o que eles estão fazendo muito bem. Em seguida, liste os assuntos em que eles trabalham muito bem os argumentos.

Tome a decisão (firme e difícil) de criar conteúdo melhor que o deles. Tá difícil? É aí que a gente se desenvolver. É hora de estudar, pesquisar, observar o que não está sendo falado pelos concorrentes e que você pode falar e falar melhor.

Também observe qual a ênfase, se é que ela está bem definida, que seus concorrentes dão no portfólio. As imagens estão mostram uma determinada linha? Uma determinada abordagem? Qual seria?

Simplicidade, Singeleza, glamour, alegria, cotidiano, precisão, qualidade, autoridade, fantasia, emoção, impacto, tradição, introspecção, jovialidade, crítica, reflexão… são algumas ênfases que talvez você encontre.

Comece pela sua palavra-chave principal

A palavra-chave é aquela ideia ou expressão ou uma palavra única que expressa a vocação do seu negócio. Por exemplo, neste meu trabalho como professor, a palavra-chave central é transformação. A missão do meu trabalho como professor é transformar a vida dos meus alunos.

Mas no meu trabalho como fotógrafo, minha palavra-chaves é conexão. A minha fotografia conecta pessoas, ideias, eventos e negócios.

Definir a palavra-chave do seu negócio deveria ser a sua primeira providência ao empreender. Mas nem sempre é assim.

Tendo a palavra chave em mente, ela irá guiar não só os serviços que você presta, mas também os conteúdos que você cria.

Por exemplo. Imagine que “fotografia sensível” seja a sua palavra-chave. Ela irá impactar todos os aspectos do seu negócio:

Atendimento: O que é atender com sensibilidade? Como será o ambiente, o texto, os canais de comunicação… Quais as histórias tocantes e sensíveis que você conta, que você usa para ilustrar e encantar seus cliente?

Finanças: quais as facilidades que você oferece para o viabilizar a compra par ao cliente? Parcelamento, assinatura mensal? O serviço é mais caro porque tem elementos “sensíveis” envolvidos?

Marketing: qual é a aparência de um site que lida com sensibilidade? Como é o texto, as ilustrações, o logo, a tipografia? Como é o seu comportamento e seu “tom de voz”, seu jeito nas redes sociais?

Organização: como é a dinâmica de um ensaio/serviço de fotografia sensível? Tem muita conversa antes? Você procura entender o seu cliente com carinho? Você atende com tempo ou é tudo muita rápido e corrido? As suas campanhas em datas comemorativas tem esse apelo da sensibilidade?

No seu conteúdo visual (fotos) e escrito (blog), a sensibilidade e os temas ao redor dela devem aparecer sempre. Isso é uma linha editorial sensível.

Crie um mapa básico de temas

Criar um mapa de tópicos para o seu blog, é uma ferramenta que facilita demais o trabalho de produção de conteúdo. Mas nesta etapa de criação da linha editorial, pense nos termos do funil de vendas com seus 3 estágios: informação, aprofundamento (objeções) e oferta. Veja para o caso de alguém que queira oferecer fotografia de produtos, por exemplo.

Crie a sua o mais rápido possível

Quanto mais você demorar para trabalhar na sua linha editorial, mais tempo seu negócio tende a demorar para te ruma identidade. E lembre-se, identidade é algo que o CLIENTE precisa notar. Não é algo que basta por estar na sua cabeça. Se você quer viver de fotografia, ela tem que se materializar comercialmente.

CHARBEL CHAVES
CHARBEL CHAVES

Fotógrafo e Professor de Fotografia desde 2010. Desenvolve trabalhos autorais, comerciais e educacionais simultaneamente. Autor do livro "Jornada: As histórias que as fotografias contam"

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