Quem já estudou comigo, sabe que eu sou muito adepto de usarmos tudo o que está disponível em nossas câmeras, sempre que fizer sentido prático, sempre que o objetivo for conseguir a foto desejada.
Nada mais pedante se sem lógica do que a frase (ainda muito usada) que diz: “fotógrafo de verdade só fotografa em modo Manual”. Me desculpe mas isso é 99% das vezes falado por quem vive no e do passado.
Cada modo de operação da câmera e cada recurso tecnológico tem uma razão de existir. Seja inteligente e use conforme lhe for útil.
Pois bem, os modos de exposição semi-automáticos (Av/A e Tv/S) são meus preferidos para trabalhos de câmera na mão, sem flash e fora do estúdio.
Mas vou dar uma dica extra sobre isso aqui: o uso do Auto-ISO (controle automático de sensibilidade da câmera). Muita gente torce o nariz pra ele, porque tudo o que é “automático” parece coisa de amador ou preguiçoso. O que não é verdade.
Acompanhe o raciocínio comigo: o ISO automático (Auto-ISO) faz a variação automática da sensibilidade da câmera de forma que você consiga a exposição “correta” (fotômetro no centro), para uma dupla dada de Abertura e Tempo.
Um parênteses: vou defender aqui algo em torno de f/4 e 1/125s ou 1/250s para fotografia ao ar livre, ensaios, documentários…. Isso significa que estando com a exposição ajustada para f/4 e 1/125s, a sua câmera encontrará automaticamente (e bem mais rápido que você) o ISO que leva o fotômetro ao centro.
O Auto-ISO da maioria das câmeras permite que o fotógrafo defina o limite máximo do ISO para não correr o risco de entrar na zona de ISO mais degradado em termos de ruído.
No meu caso, eu ajusto para 3200 (hoje trabalho com câmeras Fuji XT-3). Na prática, quando você está na rua com a dupla f/4-1/125s, vai conseguir belas imagens em quase todos os temas. Eventualmente vai passar para f/2.8 ou o tempo para 1/250s. Mas fica nessa “região”.
No entanto, as mudanças de luz são bem frequentes e ocupariam um tempo valioso seu na troca de ISOs para manter essa dupla Abertura/Tempo viável. O Auto-ISO faz isso pra você! Muito rápido.
Além disso, você pode (como eu) escolher trabalhar com modos de prioridade de tempo (Tv ou S) ou prioridade de abertura (Av ou A), com Auto-ISO. Assim você foca a sua atenção na profundidade de campo (Av ou A) ou na aparência do movimento (Tv ou S).
Se precisar clarear ou escurecer a sua imagem, use a compensação de exposição. Estando em prioridade de abertura, é preciso dizer para a câmera qual o tempo máximo que você quer que ela opere (pra evitar arrastos de obturador indesejados, fotos borradas).
No menu de ajuste do Auto-ISO da sua câmera você vai fazer isso. Eu deixo em 1/60s. Assim, estando em prioridade de abertura, sempre que a câmera for usar um tempo mais longo que 1/60s (por exemplo 1/30s), o ISO vai subir (até o limite máximo que eu também ajustei) para evitar esse tempo longo. Muito engenhoso!
No caso das câmera Fuji, que eu uso, temos a facilidade de termos 4 seletores bem acessíveis à mão: abertura, tempo, ISO e compensação de exposição. Isso facilita muito e torna esse tipo de “estratégia” bem óbvia.
Não há motivo pra qualquer preconceito contra o Auto-ISO, pelo contrário.
Se você prima pelo momento, pelo tema, pela oportunidade que não pode ser perdida, use e abuse dele!!! A tecnologia está aí pra isso. Não há lógica em se comprar um equipamento do século 21 e fotografar com os limites técnicos do século 20! Pense nisso.