Lentes fotográficas. Tudo o que você precisa saber!

A fotografia é uma linguagem baseada em lentes. As lentes são os olhos do equipamento. São os dispositivos que fazem o primeiro contato com a luz. Elas tem personalidades diferentes e nos inclinam para produzir determinadas categorias de fotos.

A escolha da lente (também chamada objetiva) determina diversos aspectos da imagem final: ângulo de visão, profundidade de campo, aproximação, nitidez e distorções (mais perceptíveis ou menos).

Boas lentes são para a vida toda. São o melhor investimento que seu dinheiro pode comprar em termos de equipamento fotográfico. É melhor gastar mais dinheiro com lentes do que com o corpo da câmera.

Vamos ver os vários detalhes técnicos que caracterizam as lentes.

Distância Focal

A distância focal é medida em milímetros. Essa medida representa fisicamente, a distância entre o ponto nodal da lente e o sensor.

O ponto nodal é o ponto onde os raios de luz que entram na lente se invertem, assim como acontece dentro dos nossos olhos.

A distância focal está diretamente ligada ao ângulo de visão de uma lente.

Quanto menor a distância focal, maior será o ângulo de visão da lente. Quanto maior a distância focal, menor será o ângulo de visão.

Existem lentes com distância focal variável (lentes zoom) e lentes com distância focal fixa (lentes fixas, ou “primes”).

As lentes zoom são mais versáteis pois em um mesmo corpo cobrem uma faixa de ângulos de visão, assim podemos ajustar o ângulo à cena desejada.

Já as lentes fixas, são mais nítidas, leves e especializadas. Mas existem que, para aproximarmos ou afastarmos a imagem, usemos os pés. O “zoom” delas depende do seu deslocamento como fotógrafo.

Sendo assim, é sempre bom começarmos a carreira com lentes zoom. Quando seu trabalho como fotógrafo estiver mais definido você pode escolher lentes mais especializadas.

Classificações de distâncias focais

As objetivas são classificadas em 3 grupos segundo as distâncias focais. Normais, tele-objetivas e grande-angulares.

Distância focal normal

A lente chamada normal, para um determinado sensor de câmera é aquela em que a medida da diagonal do sensor é igual à distância focal da lente.

Para um sensor 24mm x 36mm, ou seja um sensor Full Frame, tem como linha diagonal, 43,26mm. Rigorosamente, 43mm é a distância focal chamada normal. Comercialmente, 50mm.

De forma prática (não rigorosamente técnica) podemos considerar que lentes entre 40mm e 60mm são as normais para uma câmera Full Frame.

Canon 50mm f/1.4

Para um sensor cropado, ou seja, 24mm x 16mm, a linha diagonal seria aproximadamente 29mm. Ou seja, uma lente normal de 29mm. Comercialmente, 35mm.

Tele-objetivas

São as distâncias focais acima da normal.

Canon 70-200mm f/2.8

Geralmente classifica-se como teleobjetivas curtas (até 85mm), teleobjetivas médias (de 85-200) e teleobjetivas longas (acima de 200mm).

Nikon 105mm

Grande angulares

São as lentes com distância focal abaixo da normal.

Geralmente são as mais utilizadas para fotografia de arquitetura e grande paisagens.

Nikon 14-24mm f/2.8

Mas grande-angulares médias, na faixa de 20mm a 35mm são amplamente utilizadas em eventos sociais, fotojornalismo e documentários.

Fujinon 23mm

Existem grande-angulares bem extremas como 6mm, 8mm, 12mm que são lentes para aplicações mais específicas e apresentam grande distorção geométrica (fish-eye). Podem ser usadas como lentes de “efeito”.

Rokinon 12mm f/2.8

Fator de corte

Como já vimos, o sensor APC (cropado, 24mm x 16mm) é menor em área que o sensor Full-Frame (36mm x 24mm).

Isso implica em uma imagem cortada (daí o termo cropado) em relação ao FF. A cena capturada por um sensor APS é menor em ângulo de visão. Exatamente como se usássemos uma lente mais “tele”.

Uma lente 50mm em uma câmera APS entrega uma imagem equivalente a uma lente 85mm aproximadamente, em Full Frame.

Sendo assim, temos uma certa vantagem em usarmos sensores APS com lentes Teleobjetivas. Uma lente 200mm por exemplo, entregaria uma imagem equivalente à uma 300mm (que é muito mais cara).

No outro extremo, para quem precisa trabalhar com arquitetura ou grandes paisagens, o sensor APS é uma desvantagem já que ele “perde” ângulo de visão. Uma lente 14mm, entregaria um resultado equivalente à uma 21mm por exemplo.

As Distâncias Focais mais usadas

Uma maneira que eu considero muito legal de “descobrir” as suas distâncias focais preferidas ou mais recorrentes é analisar o seu acervo e verificar o que aparece mais.

Para isso use a ferramenta de filtragem do módulo Biblioteca do Lightroom (tecla “\”). Verifique na aba “metadados” as distâncias focais que mais aparecem em seu acervo.

Partindo disso concentre seus investimentos em lentes nessas distâncias. No meu caso, uso muito lentes em 24mm e 35mm.

Quando estamos na fase de formação em fotografia, temos muitas decisões a tomar. Duas delas são bem comuns: que tipo de fotografia que fazer? E que equipamento preciso para isso?

  • Documentários: 20mm a 50mm. A 35mm f/1.4 é uma ótima opção.
  • Viagens com a família: é uma situação “”de tudo um pouco””. Considere a 18-200mm f/3.5-5.6
  • Eventos sociais: 24mm a 100mm. Uma lente zoom 24-70mm f/2.8 é minha recomendação
  • Gastronomia e produtos: 80mm a 120mm. A macro 100mm f/2.8 é um “padrão” de mercado
  • Retratos: 50mm a 100mm. A distância focal mais clássica nessa área é a 85mm f/1.4.
  • Arquitetura e paisagens: 10mm a 30mm. Uma excelente opção é a 12-24mm f/2.8
  • Esportes: de 100mm a 600mm. Geralmente a 200-400mm f/4 é um padrão. Mas a 70-200 f/2.8 é um ótimo início.
  • Moda: entre 24mm e 200mm. Uma ótima dupla de lentes é a 24-70mm f/2.8 e a 70-200mm f/2.8″

Abertura

As objetivas são as responsáveis pelo controle da abertura. A abertura é um orifício de diâmetro variável. Como se fosse uma janela circular onde você pode regular o quanto ela se abre ou se fecha. 

Maiores abertura, mais luz entrando. Menores aberturas, menos luz entrando. Mas a escolha do valor de abertura também interfere na Profundidade de Campo, um conceito importantíssimo de que falarei mais à frente. 

O dispositivo interno que controla a abertura é o diafragma, um conjunto de lâminas metálicas que formam o orifício por onde a luz passará.

Diafragma

A escala de aberturas é a seguinte:

f/1 – f/1.4 – f/2 – f/2.8 – f/4 – f/5.6 – f/8 – f/11 – f/16 – f/22 – f/32…

  • Quanto maior esse número f/, menor é a abertura física dentro da lente. 
  • Quanto maior esse número f/, maior a profundidade de campo.

Para detalhes mais técnicos sobre a formação dessa escala, leia este artigo.

Na lente existe uma inscrição que representa a maior abertura da lente. Por exemplo, na lente 50mm f/1.4, a maior abertura possível é f/1.4.

Algumas lentes (como é o caso da 50mm) tem versões comerciais f/1.8 e f/1.4. Quanto maior a abertura (menor o número f/), mais cara a lente é. 

A lente do kit mais comum, é a 18-55mm f/3.5-f/5.6. O que isso significa?

Na distância focal 18mm, a maior abertura possível é f/3.5. Já na última posição de distância focal, 55mm, a maior abertura possível é f/5.6. Ou seja, essa lente tem a abertura máxima variável, dependendo da distância focal que o fotógrafo estiver usando.

Lentes como a 24-70mm f/2.8, tem a abertura máxima constante, desde 24mm até 70mm.

O que é profundidade de campo?

Quando fotografamos qualquer coisa, precisamos focar. Foco é o ponto de maior nitidez da imagem.

Numa linha que parte do fotógrafo até o infinito à sua frente, em algum ponto dela estará o ponto de foco. Objetos além deste ponto estarão menos nítidos e objetos mais próximos ao fotógrafo (aquém deste ponto) estarão também menos nítidos.

Mas a nitidez, o foco, podem ser expandidos para esses planos mais afastados do ponto de foco. Quando temos uma imagem com muita nitidez em todos os planos dizemos que essa foto tem grande profundidade de campo.

Quando apenas o ponto de foco está bem nítido e logo atrás e à frente dele temos uma imagem mais “borrada”, desfocada, uma imagem com pouca profundidade de campo.

Lentes para retratos

Em quase toda área de atuação na fotografia, retratos são um tipo de imagem que praticamente todo fotógrafo tem que fazer.

Se você fotografa produtos/gastronomia, eventualmente vai fotografar o chef de cozinha. Se fotografa arquitetura, vai fotografar a arquiteta de vez em quando, e assim por diante.

Como você já teve ter ouvido, existem lentes que são melhores que outras para retratos. Isso se dá por basicamente 2 razões: nitidez e distância focal.

No quesito nitidez, as lentes macro, são especialmente eficientes, aliás a grande maioria das lentes fixas (sem zoom) são muito nítidas e acabam se tornando as queridinhas dos retratistas.

Isso se dá por que ela são construídas com menos elementos que as lentes com zoom e são mais especializadas em sua distância focal. Entretanto, não podemos nem precisamos descartar o uso de lentes zoom.

As lentes zoom de primeira linha são também muito nítidas. O outro quesito, a distância focal, é especialmente importante.

Distâncias focais baixas (de 40mm ou menos), ou seja, grande-angulares, distorcem a geometria e expandem os planos da imagem. 

Tudo o que está em primeiro plano tente a ficar mais próximo ainda, e tudo o que está ao fundo tende a ficar mais distante.

O efeito deste fenômeno sobre o rosto é que a pessoa fotografada ficará mais nariguda, já que o nariz está em primeiro plano. Haverá uma clara distorção da geometria do rosto. Se a idéia for criar uma caricatura, tudo bem. Mas em condições normais de retrato, isso não é desejado.

Apesar de não ser o mais usual para retratos, as grande-angulas podem sim ser usadas com criatividade e muita personalidade. É o caso do portfólio do fotógrafo grego Platon.

Distâncias focais muito longas (acima de 200mm) comprimem muito os planos, causando o efeito contrário: um achatamento do nariz e uma planificação da face, o que também não é recomendado como padrão para retratos.

As distâncias focais mais adequadas para manter a naturalidade do retrato ficam na faixa entre 50mm e 135mm. Existem muitas lentes no mercado nesta faixa, fixas (algumas delas macro), com excelente qualidade.

O melhor custo/benefício é sem dúvida a 50mm f/1.4. No entanto, a distância focal que se consagrou na história como a clássica para retratos é 85mm (em câmeras fulll frame).

Existem lentes 85mm com aberturas máximas em até f/1.2. Uma lente 85mm f/1.4, por exemplo vai entregar uma qualidade de imagem excelente, naturalidade das linhas do rosto e um belo desfoque de fundo. Se você quer trabalhar especificamente com retratos, vai ser difícil resistir.

Veja algumas excelentes opções:

50mm f/1.8 – Muito barata, mas construída com muito plástico. A versão f/1.4, além da abertura ligeiramente maior, é mais robusta.

85mm f/1.4 – Uma lente incrivelmente nítida, muito bem construída, com excelente desfoque em f/2.8 ou maior, mas é cara.

105mm f/2.8 – Uma das melhores lentes macro do mercado. A Canon também tem a sua (100mm f/2.8) com igual qualidade.

Nikon 105mm f/2.8 Macro

Para câmeras Fuji mirrorless, existe uma excelente lente, a 56mm f/1.2. Esta é a minha lente atual para retratos.

Fuji 56mm f/1.2

As câmeras Fuji da linha XT possuem sensores APS, o que faz com que o ângulo de visão desta lente seja equivalente à uma 90mm (aproximadamente).

Para câmeras Sony mirrosless (full Frame), existe a possibilidade muito interessante de uso das lentes da Canon através dos adaptadores da Metabones.

Metabones de lentes Canon para câmeras Sony

Além disso, a própria Sony tem uma linha excelente lentes na faixa entre 50mm e 100mm.

Se você quer se dedicar à arte do retrato considere adquirir uma lente específica para esse trabalho. Conheça meu portfólio de retratos aqui.

Relação DF x PC

Existe uma relação muito interessante e útil entre distância focal e profundidade de campo.

Quanto maior a distância focal, menor será a profundidade de campo para uma mesma abertura. Por exemplo:

Uma lente 50mm em f/4 apresentará mais profundidade de campo que uma lente 100m em f/4.

Ou seja, grande angulares entregam imagens sempre com bastante profundidade de campo, o que é útil para a suas aplicações mais típicas (documentários, arquitetura e grandes paisagens). Tele-objetivas entregam menor profundidade de campo, o que também é útil, já que a aplicação mais frequente dessas lentes é a captura de temas distantes.

Para conferir numericamente essa relação, baixe no seu celular algum aplicativo de cálculo de profundidade de campo como DoF Master, por exemplo.

A lente mais versátil que existe

Essa é uma das perguntas que vez ou outra eu recebo. Qual a lente mais versátil que existe? Para se fotografar um pouco de tudo.

Bem, as lentes são dispositivos fabricados para determinados fins.

Mas existem situações em que vamos precisar de versatilidade em termos de distâncias focais, com qualidade e em um só lente. É o caso de eventos sociais ou viagens.

A faixa dos 24mm a 100mm geralmente abraça 90% das fotos que uma pessoa pode desejar fazer nestas situações.

Então, em primeiro lugar podemos considerar que uma lente “que serve para quase tudo”, não terá distância focal fixa. Vamos ficar no universo das lentes zoom, ou seja, que tem distância focal variável.

Os preços e as características de construção do corpo e aberturas pode variar bastante dentre as opções do mercado.

Então vou dividir essas opções em 4 níveis, do mais simples e barato para o mais caro e sofisticado.

Primeiro nível: a lente do kit, geralmente uma 18-55mm f/3.5-5.6

As qualidades desta lente ficam no campo do preço. Ela é muito barata e por isso mesmo vem com a maioria das câmeras de entrada e intermediárias no mercado.

Ela abrange uma faixa grande-angular (de 18mm a 35mm) o que é muito útil para paisagens, e uma faixa normal (de 35mm a 55mm) o que é muito útil para retratos.

Os pontos negativos desta lente é a sua construção, que geralmente não é lá muito caprichada, mas eficiente. Não é selada contra chuva ou poeira. Geralmente tem seu corpo com muitas partes plásticas e não metálicas como as mais “tops”.

Outra característica desagradável (mas necessária para manter o preço baixo) é a sua abertura máxima variável conforme variamos a distância focal.

Em 18mm, a abertura máxima desta lente é f/3.5. Em 55mm, a abertura máxima é f/5.6, o que para muitos fotógrafos que gostam daqueles desfoques de fundo, bem pronunciados em retratos, é pouco.

Mas o objetivo desta lente é ser barata.

Segundo nível: 18-200mm f/3.5-5.6

Esta é uma lente parecida com a do kit no quesito abertura. Em 18mm a sua maior abertura é f/3.5, em 200mm fica em f/5.6.

O zoom maior já algo bem interessante para viagens. e mesmo que você considere essa lente escura, na maioria das situações de viagens, estamos fotografando de dia e ao ar livre.

Outro avanço em relação à lente 18-55mm é que em 200mm com uma abertura f/5.6, o desfoque de fundo ficará mais evidente e bonito já que a profundidade de campo diminui conforme aumenta distância focal.

Ela também é um pouco mais cara que a lente do kit, mas a diferença de preço compensa a meu ver. Zoom maior, desfoque de fundo maior em 200 e por fim a construção do corpo desta lente é mais caprichada que a 18-55mm.

A Nikon, a Canon e a Sigma fabricam esse modelo.

Terceiro nível: 24-120mm f/4 e 24-105mm f/4

A Nikon fabrica uma 24-120mm f/4 que eu considero uma jóia.

É uma lente com um zoom excelente para filmagens com DSLR, viagens, documentários, eventos (especialmente se você usa flash).

A Canon tem uma opção bem próxima que é a 24-105mm f/4.

Ambas tem uma nitidez excelente e são muito bem construídas. O que muita gente torce o nariz é a abertura f/4. Mas eu avalio que para quem sabe usar bem o flash e/ou trabalha em boas condições de luz, é uma excelente opção, uma excelente relação custo benefício.

Outro detalhe é que a abertura máxima é f/4, tanto em 24mm quanto em 120mm (no caso da Nikon) e 105mm (no caso da Canon).

Além disso a construção da lente é bem caprichada em ambas as marcas.

Quarto nível: 24-70mm f/2.8

A Nikon, a Canon, a Sigma e outras dispõe deste modelo.

Não são baratas. Mas é aquele tipo de projeto maduro, muito testado e aprovado por quem trabalhar especialmente em eventos sociais.

Construção excelente, faixa de zoom muito versátil e abertura máxima constante em f/2.8.

Os “defeitos” são: preço e peso.

Outro detalhe a se considerar é que se você possui uma câmera APS, as distâncias focais resultantes serão aproximadamente 35-105mm, o que dependendo do seu tipo de trabalho/abordagem, pode ser uma vantagem.

Conclusão:

Apesar de a 24-70mm ser uma “quase unanimidade”, eu ainda gosto mais da 24-120mm f/4.

Tive uma dessa por 2 anos usada em conjunto com uma Nikon D750 e foi excelente para o meu trabalho.

A relação custo benefício é boa, o peso é bem aceitável, a nitidez é ótima e durabilidade também.

Quanto ao “super desfoque de fundo para retratos”, eu sempre tive alguma outra lente com abertura maior e distância focal fixa para esse fim, como a 50mm f/1.4 e a 85mm f/1.4.

Em termos de versatilidade, a 24-120mm ganha essa discussão, na minha opinião.

Lentes narrativas

A lente não narra nada, quem narra é a fotografia concebida pelo autor para isso. Mas o assunto que quero tratar não está dissociado da ideia do título desse subtópico.

Quero falar sobre o uso das lentes grande angulares, ou seja abaixo de 40mm (no full frame), especialmente entre 24mm e 35mm.

As grande-angulares possuem algumas características muito úteis para quem quer fotografar na rua, documentários, viagens…situações onde contar uma história é importante.

Quando colocamos o nosso assunto em primeiro plano, eventualmente próximo à câmera com uma grande angular, temos uma imagem que dá um bom destaque a esse primeiro plano, sem deixar de abranger o ambiente ao redor.

A ideia é destacar o assunto principal e apresentar também o seu contexto, o ambiente. Isso colabora muito para o entendimento da cena.

Quase todas as grande-angulares tendem a ter mais distorções, geométricas e de cor, especialmente nas suas bordas e com aberturas grandes, então é uma boa atitude colocar o assunto de primeiro plano mais ao centro.

Mas isso não é de forma alguma, uma obrigação, apenas minimiza as distorções sobre o assunto principal. Nem sempre a distorção é indesejada, ou mesmo facilmente visível. Ela também pode criar uma “personalidade” visual.

Uma outra característica das grande-angulares é ter uma boa profundidade de campo mesmo com aberturas grandes.

Lembrando, a profundidade de campo aumenta conforme diminui a distância focal.

Por exemplo: uma lente 24mm em f/4 e a 2m do assunto, gera uma profundidade de campo de 1,1m. Uma lente 35mm em f/4 à mesma distância do assunto, gera 50cm de profundidade de campo.

As grande-angulares também alteram a perspectiva da imagem. Os elementos da cena que estão em segundo plano parecem cada vez mais distantes na fotografia conforme a distância focal diminui.

Um detalhe importante para quem usa câmeras APS (cropadas), é considerar o fator de corte do sensor. Na minha câmera (Fuji XT-4), uma lente 35mm entrega um ângulo de visão equivalente à uma lente 50mm com sensor Full Frame.

Então, para que eu tenha o ângulo de visão de uma 35mm eu teria que usar uma lente 23mm, mas as características de perspectiva da lente seriam as da 23mm.

Enfim, grande-angulares, nesta faixa dos 24mm a 35mm, proporcionam uma agradável inclusão do ambiente, colaborando para a narrativa da imagem.

As lentes fixas de 24mm e 35mm não são volumosas, o que também é muito útil para quem quer passar mais desapercebido na rua.

Se você gosta desse tipo de imagem, uma lente 24mm, 28mm ou 35mm deve ter lugar garantido na sua mochila.

Sistemas de estabilização

Muitas lentes modernas possuem um sistema eletrônico interno de estabilização. Ele funciona como uma espécie de suspensão de alguns dos elementos ópticos para absorver possíveis tremores.

Geralmente esse sistema aparece nas lentes teleobjetivas mais sofisticadas.

O sistema de estabilização pode aparecer com diferentes siglas dependendo do fabricante. Na Nikon ele se chama VR, na Canon, chama-se IS…

Fotógrafos que trabalham com câmera na mão e especialmente com distâncias focais bem longas, usadas para fotografar natureza, esportes, espetáculos são os maiores beneficiados.

Geralmente o ganho em estabilidade é de 2 ou 3 pontos. Ou seja sesem o sistema de estabilização você fotografaria em 1/250s, com o sistema ligado pode obter o mesmo resultado em 1/60 ou até 1/30.

Mas lembre-se, o sistema reduz o tremor causado pelo fotógrafo, não afeta o resultado da aparência do movimento presente da cena.

Um cuidado especial deve ser tomado quando essas lentes forem usadas com tripé: o sistema de estabilização deve ser desligado. Num tripé ele ficaria “procurando” um tremor onde não existe.

Chave AF/MF

A maioria das lentes modernas tem um motor de foco interno. E existe uma chave AF/MF (auto focus / manual focus) que liga ou desliga esse sistema.

Mas quem faz a análise do foco é a câmera. Uma vez medido o ponto de foco, a câmera entrega a informação para a lente que irá fazer o ajuste mecânico dos elementos ópticos se estiver em modo AF.

Existem muitos (e criativos) sistemas de análise de foco automático. Cada um desenvolvido para uma situação. Esportes, retratos, paisagens…cada nova geração de câmeras traz um desempenho cada vez melhor nessa área.

No entanto, caso queira usar a lente em modo de foco manual, o que é muito comum na fotografia de produtos/gastronomia por exemplo, é preciso chavear a lente para a posição M.

Como limpar suas lentes?

Limpar lentes é uma atividade necessária para qualquer fotógrafo. Algumas pessoas por desconhecimento ou descuido utilizam materiais ou procedimentos impróprios para isso.

Quero mostrar, como você pode limpar suas lentes de maneira simples, prática e cuidadosa.

Mas saiba que existem níveis de limpeza que demandarão um profissional especializado de uma assistência técnica. Por exemplo, quando for necessário desmontar sua lente para uma manutenção interna.

Nunca assopre com a boca.

Fungos e bactérias da saliva irão se multiplicar na lente com o tempo. Use um soprador. É uma espécie de “bombinha”que você aperta e ela expulsa o pó da lente.

Isso é a primeira coisa que se deve fazer. Passar um paninho na superfície da lente que está com pó, é o mesmo que usar este pó para riscar sua lente. Se você não tiver uma bombinha dessas, um pincel bem macio (e limpo) serve.

Nunca passe “um paninho” qualquer.

Existem materiais adequados para isso. Aquele tecido que geralmente vem numa caixinha de óculos novos é o adequado para limpeza de lentes. É uma microfibra delicada que não irá arranhar a lente.

Não utilize qualquer papel.

Mesmo papel toalha de cozinha ou guardanapo de papel tem uma certa abrasividade que pode riscar a lente. Existem lâminas de papel (úmidas ou secas) especialmente desenvolvidas para este fim.

Tenha um kit de limpeza

Um kit como o da imagem acima vai suprir todas as necessidades de limpeza básica do seu equipamento.

A maioria dos kits de limpeza também vem com um frasco spray com uma solução de álcool isopropílico (às vezes com uma pequena adição de benzina) que pode ser usado na lente para remover qualquer marca de gordura ou digital de manuseio.

O álcool isopropílico evapora muito rapidamente e é muito eficiente na limpeza.

Recaptulando

  1. Use um soprador (bombinha) para tirar os siscos
  2. Umedeça um paninho de microfibra do seu kit com a solução de limpeza
  3. Passe em círculos (bem de leve) na lente
  4. Espere alguns segundos para evaporar o excesso de líquido
  5. Passa um lado mais seco do mesmo paninho para terminar de secar.

Lentes e fungos

Entre os principais problemas que podem acontecer com as lentes estão os fungos. Então aqui vão algumas dicas simples para lidar com isso:

  • Sempre deixe aqueles saquinhos de sílica secante dentro da sua bolsa de equipamentos. Eles retiram a umidade do ar no interior da bolsa e evitam o alastramento de fungos.
  • Fotógrafos profissionais usam o equipamento com bastante frequência e isso é muito bom. A luz do sol também ajuda a controlar os fungos. Eles detestam UV. No entanto, deixar suas lentes paradas no sol simplesmente pode causar outros problemas como a dilatação e ressecamento das borrachas e vedações no seu interior. Mas quanto mais usar o equipamento, melhor.
  • Use filtros UV como protetores físicos para o vidro frontal da lente. Mas use apenas quando houver um risco real de dano à lente, como areia, fumaça, glicerina vaporizada de baladas… O filtro UV impede a passagem de luz ultra violeta! E isso ajuda os fungos a fazerem mais fungos!
  • Um boa bolsa é ótimo para transporte do equipamento. Mas apenas para transporte. Guarde seu equipamento em um armário sem umidade, limpo e arejado. Se possível coloque um daqueles produtos secantes feitos para armários. É fácil encontrá-los nos supermercados. Se não quiser guardar em um armário, use um desses contenedores plásticos vendidos em lojas de organização doméstica. Coloque um secante de armários dentro dele, junto com as lentes.

Siglas na sua lente

Além das informações básicas inscritas nas lentes (distância focal e abertura máxima), existe uma série de siglas que cada fabricante utiliza para nomear e indicar outros detalhes técnicos.

Nikon

  • AF – Motor autofoco convencional.
  • AF-S – Motor autofoco mais rápido e silencioso que o convencional.
  • AI – Controle da abertura pela câmera.
  • AI-S – Lentes avançadas, que transmitem mais de informações que as AI.
  • ASP – Lentes superiores com elementos de correção às aberrações esféricas.
  • CRC – Qualidade superior em focagens longas e curtas.
  • D – Transmitem informações sobre a distância do assunto.
  • DC – Controle de desfoque.
  • DX – Projetadas para corpos usando sensores com fator de corte (crop).
  • ED – Elementos superiores, com maiores ganhos em niRdez e cor. Linha profissional.
  • FX – Projetadas para corpos full-frame.
  • IF – Movimentação interna de foco, não altera-se o tamanho da lente ao focar.
  • G – Controle da abertura pela câmera e transmissão da distância.
  • M/A – Mudança de foco automáRco para manual ao girar o anel de foco.
  • PC – Controle de perspecRva, ideal para fotos de arquitetura (Tilt-Shift)
  • RF – Foco rápido e suave, apenas o grupo óRco traseiro se move para focar.
  • VR – Mecanismo de estabilização de imagem.

Canon

  • DO – Lentes com elementos de correção às aberrações esféricas.
  • EF – Projetadas para corpos com sensor full-frame.
  • EF-S – Projetadas para corpos usando sensores com fator de corte (crop).
  • FD – Objetivas totalmente manuais.
  • IS – Mecanismo de estabilização de imagem.
  • L – Elementos superiores, com maiores ganhos em nitidez e cor. Linha profissional.
  • TS-E – Controle de perspectiva, ideal para fotos de arquitetura (tilt-shift).
  • UD – Lentes superiores com elementos de correção às aberrações esféricas.
  • USM – Motor autofoco mais rápido e silencioso que o convencional. Sigma
  • ASP – Lentes com menos elementos ópticos, aumentando a performance e nitidez.
  • APO – Lentes superiores com elementos de baixa dispersão, reduzindo as aberrações cromáticas e esféricas.
  • DC – Projetadas para corpos usando sensores com fator de corte (crop).
  • DG – Projetadas para corpos digitais, mas podem ser utilizadas nas analógicas.
  • DF – Movimentação interna de foco, não se altera o tamanho da lente ao focar.
  • DL – Linha de luxo, acabamentos superiores.
  • EX – Elementos superiores, com maiores ganhos em nitidez e cor. Linha profissional.
  • FS – Sistema de foco flutuante, move vários grupos para estabelecer o foco.
  • HSM – Motor autofoco mais rápido e silencioso que o convencional.
  • IF/RF – Foco rápido e suave
  • OS – Mecanismo de estabilização de imagem.
  • UC – As versões mais compactas da linha de fabricação.

Tamron

  • AF – Motor autofoco convencional.
  • ASL – Lentes com menos elementos ópticos, aumentando a performance e nitidez.
  • A/M – Com seletor de foco manual e automático.
  • BIM – Motor autofoco mais rápido e silencioso que o convencional.
  • DI – Lentes projetadas para corpos com sensor full-frame.
  • DI-II – Projetadas para corpos usando sensores com fator de corte (crop).
  • IF – Movimentação interna de foco, não altera-se o tamanho da lente ao focar.
  • LD – Lentes superiores com elementos de baixa dispersão, reduzindo as aberrações cromáticas e esféricas.
  • SP – Elementos superiores, com maiores ganhos em nitidez e cor. Linha profissional.
  • VC – Mecanismo de estabilização de imagem.
  • XR – Projetada com elementos de baixa refração, deixando-a mais leve e com melhor performance.
  • ZL – Trava da lente.

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CHARBEL CHAVES
CHARBEL CHAVES

Fotógrafo e Professor de Fotografia desde 2010. Desenvolve trabalhos autorais, comerciais e educacionais simultaneamente. Autor do livro "Jornada: As histórias que as fotografias contam"

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