Já escrevi bastante sobre retratos (veja isso). Adoro essa área da fotografia. Mas a pedido de um aluno vou deixar aqui uma listinha de itens básicos para que você possa produzir retratos bonitos e comunicativos, de pessoas comuns (não-modelos).
É uma seleção de itens fundamentais. Ela vale para retratos feitos em estúdio ou em qualquer outra locação. Em outra ocasião escreverei sobre aspectos mais sofisticados, mas vamos lá:
Pense no fundo
É comum nos preocuparmos ou nos atrairmos por um assunto e não prestarmos atenção no plano de fundo.
Um fundo limpo, destaca o assunto, ajuda a comunicar uma idéia principal, que no caso do retrato é o próprio retratado.
Podemos simplificar o fundo de várias maneiras: mudando nossa posição em relação ao assunto ou vice-versa, desfocando (pequena profundidade de campo), estourando (sobrexpondo) ou escurecendo (subexpondo).
Expressão é mais importante que pose
Eu tenho que confessar que tenho um problema pessoal com poses.
Sempre que alguém me pede dicas de poses eu simplesmente não gosto do pedido.
A pose é falsa e irrelevante, ela não colabora para que eu descubra algo sobre o fotografado, pelo contrário, ela o esconde de mim.
Entretanto, dar algumas orientações sobre o posicionamento da pessoa é importante para que ela fique calma diante da câmera.
Mas fotografar conversando, rindo, fazendo perguntas, é muito mais eficiente para extrair sorrisos naturais e expressões que sejam autênticas.
Geralmente, pessoas mais tímidas, ficam muito bem capturadas distraidamente.
É comum clientes preferirem fotos neste modo mais “espontâneo”.
Dica 1: nunca peça para sorrir, faça sorrir!
Dica 2: muita gente fica muito bem sem sorrir!
Os olhos e a luz
Os olhos são os elementos mais importantes do rosto e provavelmente do corpo inteiro quando queremos criar uma conexão forte entre o retratado e o observador.
Por isso é muito importante focar precisamente nos olhos e deixá-los adequadamente iluminados.
Nossa tendência natural/biológica é olharmos imediatamente para os olhos de uma pessoa que está na foto. Não pode haver imprecisão nisso.
A luz também guia o olhar. Onde está mais iluminado, olhamos primeiro.
Então procure ou crie fontes de luz que valorizem o rosto.
Já os olhos fechados são muito interessantes em alguns retratos. Uma pessoa com olhos fechados nos faz pensar: “o que se passa dentro dele(a)?”.
O olhar para fora do quadro nos faz pensar: “o que ele estava olhando?”, nos atraem para o assunto que o assunto está vendo e nós não.
Pense nessas possibilidades. Às vezes a luz já existe no local, não é preciso criá-la. Pode ser uma luz de um poste, uma tv ligada, uma luz que entra pela janela…aprenda a ver a luz que está disponível e tire proveito disso quando quiser fazer retratos sem equipamento específico para a luz.
Crie associações
Gosto sempre de conhecer pelo menos um pouco dos meus retratados. Converso sobre a profissão, os gostos, desejos… e isso me dá idéias de objetos, lugares, cenas que tenham relação com eles.
Às vezes é um livro, um objeto antigo, um acessório para o cabelo, um determinado ambiente…
Fazendo isso eu posso mostrar um pouquinho mais de cada um, como que ilustrando a foto com elementos que se relacionam com a pessoa. Mas, cuidado!
Faça de forma sutil, sem criar personagens caricatos. As vezes basta fotografar a pessoa em seu local de trabalho ou na sua própria casa por exemplo.
Seja detalhista
Antes de clicar, observe com muito cuidado a posição das mechas de cabelo, possíveis dobras de um colarinho, uma alça de sutiã aparecendo, um pingente virado no pescoço, sobrancelhas arrepiadas, marcas de dedo no óculos, um brinco torto, um botão de camisa mal fechado, gravata mal posicionada… coisas que facilmente não vemos na hora do click.
São detalhes simples de resolver durante a sessão, mas se passarem desapercebidos podem custar horas de pós-produção.
Não-modelo
Como eu disse no início, essas idéias são bem básicas e facilmente aplicáveis para pessoas comuns, que não sejam atores ou modelos. Estes são profissionais da cena, são pessoas preparadas e treinadas para aparecerem diante de câmeras com naturalidade.
É um outro universo de trabalho e tratarei disso em outro post. Bons retratos!