O que é um fotógrafo empreendedor?

O fotógrafo empreendedor é o ser que concilia duas áreas bem distintas: a fotografia e a gestão de negócios. Como podemos uni-las?

Fotografar e empreender são duas atividades intensas. Quando alguém resolve unir essas duas tarefas, é preciso preparo, planejamento e uma boa dose de determinação. A fotografia pode ser um empreendimento de excelente rentabilidade, mas é preciso conhecer o caminho que será percorrido para ir além da fotografia, para desenvolver-se e tornar-se um fotógrafo empreendedor.

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Bom, agora vamos ao nosso assunto!

Ser empreendedor

Empreender é vislumbrar uma situação futura. Um ponto desejado que possa ser alcançado com uma estratégia. Empreender parece ser o sonho de muitos brasileiros.

A palavra sonho sempre aparece nas falas de quem tem alguma intenção de empreender. No entanto como essa é a transformação de sonhos em metas. E esse passo é muitas vezes negligenciado.

Sonhar é algo vago, não descrito perfeitamente. É uma ideia geral. Já um projeto com metas é algo que não somente apresenta uma trajetória a ser percorrida como a forma como o será.

Os recursos para essa metamorfose sonho-metas, são basicamente tempo, energia e dinheiro: 3 insumos imitados para qualquer ser humano. No entanto muito se faz com pouco, se bem usado.

Empreender é sem dúvida um desafio. No entanto, para todo desafio há os melhores e os piores jeitos de serem enfrentados.

Ser fotógrafo

Ser fotógrafo é geralmente um impulso de contemplação. Se existe algo em comum entre todos os bons fotógrafos, os amadores e os profissionais, é que ele amam ver. O ato de ver, de contemplar é um ato meditativo e/ou criativo.

Outro traço comum é o apego à aparência do belo. No começo pelo menos. Com o tempo descobrimos muitos outros “belos”, não tão aparentes. E isso pode ser ainda mais encantador.

Fotografar é um ato relativamente simples, do ponto de vista da operação. Qualquer pessoa pode começar a praticar o olhar fotográfico simplesmente com o seu celular.

Mesmo para um momento mais à frente no desenvolvimento do ofício, um pequenas câmera, uma só lente e um par de tênis… é o suficiente para se passar horas perambulando em algum lugar, em algum cotidiano, em busca de fragmentos de beleza.

O fotógrafo é um ser que transita facilmente entre o objetivo/concreto das coisas visíveis e o subjetivo/abstrato dos significados das coisas visíveis.

O empreendedor-fotógrafo

Empreender demanda ações do mundo dos negócios, das empresas. A administração, a visão de mercado, as análises dos dados, a pesquisa e descoberta das oportunidades…

Demanda um desenvolvimento de habilidades pessoais também. Negociação, organização, respeito aos compromissos assumidos, planejamento, disciplina para execução de tarefas…

Empreender é administrar (tarefas/processos/rotinas) e vislumbrar (traçar a estratégia na linha do tempo).

Empreender na fotografia é aplicar esse tipo de comportamento à uma área esteticamente atrativa, narrativamente forte e de ampla aplicação na sociedade moderna.

O empreendedor vai enfrentar uma certa negociação com o fotógrafo. Terá que convencê-lo a agir comercialmente. Terá que persuadi-lo a ver nas metas e tarefas burocráticas, o meio para a sustentabilidade da sua arte.

O fotógrafo-empreendedor

Fotografar bem demanda ações do mundo da comunicação e das artes. O fotógrafo intuitivamente se percebe como um criador. Como um revelador das belezas, dos sentimentos e dos questionamentos presentes diante dos olhos, mas que outras pessoas não veem.

Mas, pode haver um ruído nisso também. Um perigoso inimigo interno: o ego. Pode haver uma hipertrofia do artista latente. E esse pode se rebelar contra qualquer força que aparentemente o limite.

O administrador, por sua natureza organizatória, tende a parecer opressivo para o artista. Na minha opinião, isso advém do fato (ilusório) de que ordem milita contra a criatividade.

No entanto, todos os criativos com uma certa maturidade de visão sabem que quando há limites, há mais intensa criação.

Além disso, o tipo de ordem que o bom administrador prega, é aquela que otimiza o tempo, a energia e o dinheiro. Qual criativo não vai se beneficiar disso?

Produtividade é sempre bom?

Produtividade é um termo mais presente no mundo do empreendedor do que no mundo do artista. Além disso, é um termo frequentemente mal interpretado.

A interpretação ruim: uma pessoa produtiva é uma pessoa que produz muito. E cada vez mais. Consequência mais comum disso: esgotamento e desistência dos projetos.

A interpretação saudável: um pessoa produtiva é uma pessoa que produz com assertividade e relevância! Adapta o ritmo de trabalho e criação do seu conteúdo ao seu ritmo pessoal. Consequência disso: perenidade e resultados consistentes a médio e longo prazos.

O administrador deve levar o artista a produzir bem, no ritmo certo e de forma a gerar aderência do publico-alvo da obra/conteúdo.

Existem muitos inimigos para a produtividade. Talvez o mais conhecido seja a procrastinação.

Enrolar para dar passos que levem a bons resultados é algo que a maioria de nós está sujeito. Mas há cura pra isso, com absoluta certeza. É preciso entender o processo de operação da procrastinação e enganá-lo! “Hackea-lo”!

Mas existem ainda outros inimigos da produtividade, como o planejamento insuficientes, mal-feito ou em excesso. As ações são as filhas das metas e metas nascem no planejamento. É preciso fazer desse nascedouro, um lugar de saúde empresarial. E, por consequência de resultados possíveis para o artista que existe em nós.

Por que você deve querer ser um fotógrafo empreendedor?

Empreender na fotografia é encontrar um campo de atuação profissional que seja sustentável financeiramente, que proporcione liberdade/autonomia e que traga realização pessoal permitindo a sua expressão e o desfrute da beleza de forma produtiva para você e para outras pessoas.

A fotografia pode ser ainda mais apaixonante quando encontra meios confortáveis para ser criada, desenvolvida e espalhada. Poder ganhar a vida (financeiramente) por meio da fotografia é absolutamente possível e extremamente agradável.

Como ser um fotógrafo empreendedor?

Pense nessa questão em 3 partes. E saiba que o sucesso do seu negócio vem pela presença e pelo desenvolvimento das três:

O visionário

O primeiro e mais fundamental passo para isso é ter ou criar uma visão de futuro. Nisso está o empreendedor em si. Aquele que olha para um ponto lá na frente e desenha um cenário onde quer estar.

É importante achar dentro de si, quais são os valores, os traços de personalidade que podem ser as bases do comportamento da sua marca. Isso dará autenticidade a ela e facilitará muito a caminhada, tornando seu negócio único, como você é único.

O administrador

O segundo e igualmente importante é aprender sobre gestão. É desenvolver sua lado administrador. O dia a dia de um negócio exigirá organização e processos, uma certa disciplina aplicada ao afazeres do negócio, que pode ser facilmente aprendida e incorporada.

Por consequência, é comum vermos grandes fotógrafos do ponto de vista técnico não conseguirem viver de fotografia. Isso leva a uma situação aparentemente ilógica, mas que na verdade não o é.

O artista

O terceiro é construir ao longo do tempo uma identidade como fotógrafo. O artista que vive dentro de você já está em ação e em crescimento. Você já ama a fotografia e a pratica, mesmo que ao seu modo. Mas sempre há o que desenvolver.

Existe uma certa síndrome do impostor em muitos fotógrafos talentosos. Eles nunca se veem como bons o suficiente. Para o mercado não existe perfeito, existe adequado. E o adequado é relativo a cada momento do negócio e a cada público-alvo que você busca.

Mas, mesmo em nichos muito requintados e de alto padrão, as questões técnicas são frequentemente vistas de forma muito diferentes entre o fotógrafo e o cliente. Procure entender a mente do seu cliente!

Quando o problema se instala

Quando há desequilíbrio entre essas 3 funções, o mais comum é ver o Artista tomando a dianteira. Ele tenta administrar e empreender baseado nas suas convicções estéticas, artísticas.

As premissas da administração são diferentes das premissas da fotografia. É outra maneira de pensar, não oposta, mas complementar ao fazer fotográfico. A administração tem por finalidade abrir caminho todo dia para que o Artista possa realizar o seu ofício com máxima qualidade e impacto.

Além disso, se você perguntar ao Artista qual é a visão de futuro dele, ela talvez diga: ser um artista reconhecido. Mas o que é isso objetivamente? Como chegar neste ponto? Quais as oportunidades para chegar lá? Quais os obstáculos que serão enfrentados e quais as melhores maneiras de enfrentá-los?

Essas e muitas outras questões são feitas pelo Visionário. O Artista não pensa assim, ele é um realizador, um executor do ofício. E nem o Administrador nem o Visionário tem a função do ofício. Eles criam as condições para que o Artista seja o Artista.

Mas quando o próprio Artista quer criar essas condições de visão e de gestão, ele não as criará bem porque não é treinado para isso e ainda deixará de fazer o que é seu papel próprio, o ofício em si.

Enfim, o artista precisa se unir harmonicamente ao visionário e ao administrador para que seu negócio na fotografia possa decolar e criar musculatura.

Qualquer pessoa pode se tornar um fotógrafo empreendedor. É importante treinar/construir o Administrador dentro de você. É importante descobrir/cultivar o Visionário. Esses dois estão quase sempre mais atrofiados, mais imaturos que o Artista.

Artista, o somos a mais tempo. Damos mais atenção a ele. Ele está em construção e aperfeiçoamento a mais tempo. Mas sozinho ele não fará muito mais que lindas fotos. E isso não basta para empreender.

É preciso conhecer o caminho, contar com orientação externa e aplicar esforço pessoal, que logo será compensado com uma carreira frutífera.

Um convite muito especial

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CHARBEL CHAVES
CHARBEL CHAVES

Fotógrafo e Professor de Fotografia desde 2010. Desenvolve trabalhos autorais, comerciais e educacionais simultaneamente. Autor do livro "Jornada: As histórias que as fotografias contam"

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