Como e por que fazer uma parceria?

Quantos de vocês já foram abordados com essa “inocente” pergunta: “vamos fazer uma parceria?” ou “vamos fazer uma permuta?”. E quantos já toparam e logo perceberam que a parceria era na verdade uma baita roubada que você entrou e então viu-se então compromissado? Pois é, músicos, fotógrafos, prestadores de serviços em geral, frequentemente passam por isso.

Alguém precisa do seu trabalho para um evento e oferece “divulgar sua marca” em troca das fotos. Você topa achando que está fazendo um bom negócio para ambos, uma permuta, mas logo percebe que está dando muito mais do que recebendo. Aquele sentimento de “ser injustiçado” até passa pela sua cabeça mas você logo vê que não foi injustiçado, foi desatenção sua mesmo. (eu não quis usar a palavra burrice, então usei desatenção, pra ficar mais suave).

Entendo a questão

Eu já caí nessa muitas vezes. Demorei para entender o mecanismo que está por trás da situação.

Vamos tentar dissecar a coisa: De um lado temos alguém que quer o melhor trabalho possível pelo menor preço (se possível por R$ 0,00). Até aí, nada de errado, todo mundo tem o direito de querer isso. Não é errado querer, nem tentar conseguir.

Do outro lado, temos nós, prestadores de serviços, em busca de um pouco mais de visibilidade. E é aí que a coisa pega. A proposta de “divulgar sua marca” é a isca. Precisando de divulgação, todo mundo está. E parece que o que eu ofereço não me custará muito se eu conseguir mais alguns clientes com essa “divulgação”. Não é assim?!

Pois, é. O problema é que a tal “divulgação” é uma ilusão, uma frase apenas, não é um serviço prestado. Não é mensurável previamente. Não é algo especificado, que pode ser convertido em R$, ou seja, que tenha um preço de mercado.

Se você perguntar para o proponente: “quanto custa a sua divulgação, se eu quiser contratá-la independentemente da permuta?”. Ele não vai saber dizer. Sabe por que? Por que ela não é um serviço, não é um produto! Não pode ser vendida por ele, por que ela não existe.

Então, por que motivo eu deveria trocar o meu serviço fotográfico (que existe, tem preço e me custa) por ela?

Cada coisa no seu lugar

Entenda que um serviço de divulgação é algo contratável. E no ato da sua contratação temos que especificar o que está ou não incluso nele. Por exemplo: fixação de outdoors, banners, distribuição de panfletos, veiculação em mídias eletrônicas, redes sociais, rádio, TV, distribuição de cupons promocionais… Isso tudo é escopo de serviços publicitários. São serviços especificáveis, mensuráveis e precificáveis. Pra tudo isso é preciso ter MÉTRICAS!

Quando alguém que está fazendo um evento quer trocar “divulgação” por serviços reais, você deve (antes de topar) perguntar: “O que está incluso na sua divulgação proposta?”. Você pode ainda dizer: “Me diga o preço e as condições da divulgação que você fará. e eu lhe pago, e eu te digo o preço e as condições dos meus serviços fotográficos, e você me paga.”.

Garanto que a “negociação” não vai continuar. Tenha certeza de que você sabe o quanto lhe custa (em R$) cada hora de trabalho. Cada hora de captura de imagens, de tratamento, de atendimento, de deslocamento…

Faça às contas e solicite as métricas da proposta. Não caia no conto da “permuta”. A verdadeira permuta é a que ambas as partes suprem as necessidades reais uma da outra, com clareza de condições e justiça financeira.


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CHARBEL CHAVES
CHARBEL CHAVES

Fotógrafo e Professor de Fotografia desde 2010. Desenvolve trabalhos autorais, comerciais e educacionais simultaneamente. Autor do livro "Jornada: As histórias que as fotografias contam"

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