Quando pensamos na construção de uma marca precisamos traçar previamente qual será o grande valor por trás dela, a sua vocação, a sua identidade. Isso é uma decisão. O que o consumidor vê nela, que não vê em outras marcas? O que faz da nossa marca única?
A identidade da marca é um problema complexo. Vamos dividi-lo em camadas.
Começamos por escolher a área da fotografia em que vamos atuar, o que já é bem difícil, são muitas as possibilidades. E, com o tempo, queremos encontrar (e mostrar) um viés, um jeito próprio que nos diferencia de outros profissionais.
Áreas da fotografia
Existem dezenas de áreas e sub-áreas na fotografia. Praticamente todas as atividades profissionais usam ou podem usar fotografia nos seus processos.
Comércio, política, educação, moda, indústria, eventos, artes, esportes… tudo isso tem ou pode ter a fotografia como companheira.
Pra decidirmos por alguma área é importante fazermos as perguntas certas:
O que eu quero fotografar? Qual é o meu tema? O que me atrais naturalmente?
- Eventos (casamentos, nascimentos, esportivos, culturais, corporativos…)
- Produtos (gastronomia, roupas, arquitetura, produtos industriais…)
- Pessoas (posando, expontaneamente, em grupos, famílias, em empresas…)
- Animais (para venda, em eventos esportivos, com famílias…)
- Lugares (turísticos, degradados, urbanos, rurais, distantes, pitorescos…)
- Causas (ONGs, serviços sociais, religiosos, de saúde, de educação…)
Outra questão é: qual o local de captura?
- Em estúdio?
- Em estúdio itinerante?
- Na casa do cliente?
- Na empresa do cliente?
- Ao ar livre?
- Em algum local de evento?
O local de captura importa pois impacta seus investimentos e seu ânimo pessoal para o trabalho.
Para que fim serão as minhas fotos?
- Para publicidade?
- Para decoração?
- Para exposições de arte?
- Para a memória das famílias?
Qual a intenção da minha fotografia?
- Atender ao desejo de alguém?
- Ser a solução para algum problema?
- Ser a expressão da minha personalidade
Essa decisão impacta toda a forma de expor a sua marca como fotógrafo.
Quando nosso produto/serviço é desejado, buscamos criar nos clientes a vontade por ele. Mostrar nossos bastidores e testemunhos de outros clientes é fundamental.
Se nosso produto/serviço é uma solução para a algum problema, procuramos os clientes que se beneficiariam com isso, aqueles que estão carentes dessa solução. Fazer ótimas pesquisas de mercado é básico.
Quando ele é a expressão da nossa personalidade, criamos um ambiente de marketing que o exponha visando construir a imagem do autor. O uso de exposições off line ou on line, a palavra de curadores e notícias publicadas sobre nosso trabalho são ferramentas que vão alavancar o processo.
Em quais momentos quero ou não trabalhar?
- Horário comercial? De segunda a sexta?
- Horário livre, pois tenho outra atividade?
- Só aos fins de semana? Ou, só não quero nos fins de semana?
- Somente à noite?
- Somente quando eu quiser?
Que tipo de cliente eu quero? Ou, qual eu não quero?
- Artistas
- Pessoas físicas individuais
- Famílias
- Comerciantes
- Empresas em geral
- Agências de publicidade
- Agências de notícia
- Políticos
- Profissionais de uma determinada área
- Somente mulheres, ou somente homens
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O mercado
Quando olhamos para o mercado de trabalho para fotógrafos, estamos observando o ambiente, e precisamos levar em conta alguns fatores.
Primeiro: quero oferecer algo que amo e atrair pessoas para isso? Ou,
Segundo: quero entender o que o mercado está precisando e atender a essa demanda?
Oferecer algo que amo e atrair pessoas para isso é muito bonito, possível, mas vai levar mais tempo para que você se estabeleça e crie uma boa reputação no mercado.
Procurar uma lacuna de serviços que tem demanda reprimida é mais pragmático e dará retorno mais rápido ao negócio.
Mas é perfeitamente possível combinar as duas coisas. Toda empresa deve ter um portfólio de produtos. Ou seja, trabalhar com mais de 1 produto. Esse conceito não é muito discutido entre os fotógrafos.
Pode ser um produto bem popular, de alta procura e preço mais baixo. Ou pode ser um produto mais focado e de preço mais alto. Ou ambos.
No caso da fotografia, é fácil oferecer mais de um tipo de serviço, para áreas similares, próximas ou até bem distantes. Áreas próximas: casamentos e gestantes. Áreas mais afastadas: gastronomia e arquitetura.
Até mesmo ter o mesmo tipo de fotografia para clientes diferentes. Por exemplo: retratos para profissionais liberais e retratos de família. Ou, fotografia de produtos industriais e fotografia de produtos artesanais.
Neste modelo, você consegue mais facilmente “financiar” aquilo que você ama dentro da fotografia.
Mas e a identidade fotográfica?
Quando nos tornamos fotógrafos profissionais, nos tornamos uma marca, um nome que está relacionado a um determinado serviço, a um determinado estilo, um jeito próprio de ser e agir.
Esse é um problema para muitos fotógrafos: criar uma identidade.
Geralmente, nas rodas de conversa ou nos grupos on-line, sempre que se fala em identidade fotográfica, está se considerando a aparência do portfólio, a aparência das fotos que determinada pessoa produz.
Isso é também identidade. É a parte visual da identidade de um fotógrafo. Mas do ponto de vista do cliente, isso não é a coisa mais importante. Difícil acreditar nisso né? Eu demorei muito também para deixar essa ficha cair.
Outra ideia comum sobre identidade é a da identidade visual da marca, ou seja o conjunto de características gráficas, visuais, definidos para a marca, tais como logo, paleta de cores, tipografia… geralmente é um trabalho técnico e especializado que deve ser feito por um designer gráfico.
Esse é um conjunto de itens que deve aparecer em tudo o que está relacionado com a marca. Isso também é identidade, mas é a identidade da empresa não da fotografia que a empresa/pessoa produz. Claro, as duas tem que combinar!
A identidade fotográfica, é composta por 3 elementos muito importantes: a abordagem do tema, a interpretação dada ao tema e a apresentação do trabalho.
A abordagem do tema
É a maneira pela qual o seu trabalho como fotógrafo e/ou as ações da sua empresa no trato com o cliente, com o tema e tipo de fotografia que você produz.
Neste pacote entram a produção, a direção (ou não), a luz, o local da sessão (estúdio, ao ar livre, na casa do cliente, na empresa do cliente, num local de eventos…).
A abordagem é tudo que o fotógrafo faz na aproximação com o seu tema/assunto.
A interpretação do tema
As pessoas podem fotografar o mesmo tema, com diferentes relações com ele. Por exemplo quem fotografa animais pode fotografar olhando para a morfologia (animais para venda), para o habitat (animais selvagens) ou para as relações com os donos (pets).
A interpretação do tema está diretamente relacionada com o que o fotógrafo considera importante, belo, impactante, merecedor do seu empenho.
A relação que o próprio profissional tem com o tema é decisiva na sua interpretação. Neste sentido, a interpretação é uma forma de vermos o fotógrafo no seu tema.
A apresentação do trabalho
Aqui, a aparência, a estética, o estilo visual são a questão. E isso passa por decisões prévias. Um determinado fotógrafo pode escolher apresentar seu tema sempre em PB, por exemplo. Outro pode querer um colorido mais saturado que o “natural”.
A apresentação, o acabamento geralmente é um chamariz, mas não é o mais importante na imagem, pois a consistência de um trabalho vem prioritariamente da interpretação, depois da abordagem e por fim da apresentação.
No entanto, a apresentação pode (e deve) ser fruto da interpretação. Determinados acabamentos em fotografias reforçam mais determinadas interpretações.
Por exemplo, é pouco provável que fotografias em PB adicionem força a um portfólio de fotografia de eventos infantis.
Sendo assim, questões como contraste, cor, impressão, manipulações, montagens… devem estar sujeitas à interpretação do autor e não serem autônomas dentro da linguagem.
A diferença é você
É muito mais fácil quando tentamos parecer o que realmente somos. Isso funciona com marcas e serviços também.
Se você quer prestar um serviço com determinado “jeitão”, vai ser muito mais fácil se esse “jeitão” já estiver em você. O problema é que muitas vezes nós não paramos para identificar essas características pessoais que são aplicáveis ao trabalho.
Vou listar algumas aqui. Veja se você se identifica como uma pessoa:
- Detalhista
- Lenta
- Acelerada
- Comunicativa
- Introspectiva
- Prestativa
- Planejadora
- Expontânea
- Curiosa
- Protetora
- Observadora
- Intensa
- Transformadora
- Auto-motivada
- Competitiva
- Relacional
- Operacional
- Técnica
- Interpretativa
- Paciente
- Gerencial
- Argumentativa
- Sensível
Essas são uma pequena lista que pode ser facilmente transposta para o seu modelo de negócio, tanto no seu funcionamento/operação, quando na sua apresentação em forma ações marketing, site, redes sociais, identidade visual da marca e portfólio.
Essas são palavras-chave do seu negócio. Você deve conseguir identificar com facilidade de 1 a 3 entre elas. Se elas estiverem bem claras pra você, suas decisões gerenciais, de marketing e de planejamento serão muito mais assertivas.
Nas tomadas de decisões no dia a dia, tudo gira em torno da(s) palavra(s)-chave(s) do seu negócio. No meu caso, como professor, a minha palavra-chave é TRANSFORMAÇÃO. Na primeira página desse site, eu já anuncio isso: Nosso negócio é TRANSFORMAÇÃO.
Tudo o que eu pesquiso, estudo, escrevo, produzo, gravo, sistematizo… visa transformar a carreira e a vida dos meus clientes. Quero pegá-los no ponto A e levá-los ao ponto B. A palavra-chaves TRANSFORMAÇÃO guia todas as minhas ações como professor de fotografia.
No fim é sempre sobre pessoas
A fotografia é uma atividade entre pessoas. Mesmo quando fotografamos produtos, estamos lidando com contratantes e com criadores de produtos/serviços. As pessoas estão sempre no processo.
Do primeiro contato, à captura, pós-produção e entrega do material sempre haverá a mão humana, o questionamento humano e as expectativas humanas a serem gerenciadas.
A fotografia é uma atividade intensamente entre humanos apesar da presença constante de equipamentos. Sendo assim, saber diminuir a influência dos equipamentos para um nível adequado e destacar as relações e intenções humanas, sempre irá fortalecer a sua marca, o seu negócio. Sempre.
Verifique
Sua marca está bem identificada, bem reconhecida, quando você consegue responder com clareza as seguintes questões:
- O que eu faço muito bem?
- O que meu cliente gosta em meu trabalho? (características destacadas pelo cliente)
- O que as pessoas pagam para que eu faça e ficam satisfeitas?
- A minha fotografia é sobre o quê?
- Do que meu cliente mais se lembra quando pensa em mim?
Se você não consegue responder com clareza essas questões, você está em uma das seguintes situações:
Está começando na carreira
Então, é a melhor ocasião para definir isso tudo. É você quem faz a sua marca. É você quem descobre ou constrói a vocação dos seus serviços.
Isso começa agora e vai se desenvolvendo sempre. Nada é perfeito. Tudo é passível de melhorias. Trate sempre sua marca como um projeto em construção.
Está imitando no mercado
Você faz o que um monte de gente faz, da mesma maneira, com as mesmas características vistas pelo cliente. Seus serviços e os serviços dos seus concorrentes são muito parecidos. Consequência mais clara disso é que você está concorrendo por preço.
Solução: encontrar aquilo que há em você, que pode ser transposto para o seu modelo de negócios e que possa ser visto pelo cliente-alvo.
Está fazendo algo autêntico mas desconhecido
Se o cliente não se lembra de você, talvez você não esteja sendo visto. O mundo do comércio é o mundo do “tem que se mostrar”.
O cliente-alvo tem que tomar conhecimento daquilo que você oferece. E pra isso você precisa ter ações em vária áreas:
- Mostrar: site, redes sociais, anúncios pagos
- Aparecer: notícias, cometários, compartilhamentos
- Explicar: página de vendas, blog, newsletter
- Comentar: relacionar-se sempre que o cliente falar de você
- Educar: e-books, blog, podcast
Solução: provavelmente o que está faltando é um plano de marketing consistente para o seu negócio. Simples, bem feito e no seu ritmo.
Você não tem demanda
Talvez você tenha consciência do seu público-alvo, tenha um plano de marketing, faz um trabalho com autenticidade, mas está num nicho muito estreito, com baixíssima demanda.
Há solução para isso: diversifique sua carteira de serviços. Crie um outro serviço que tenha mais demanda, mais público. Assim, você não precisa abandonar o que gosta e já faz e consegue alavancar financeiramente o seu negócio.
Mas cuidado, dependendo da nova área ou novo serviço, talvez você tenha que criar uma publicidade independente do atual. Vale à pena considerar um plano de marketing específico para cada serviço.
Quero te ajudar
Se este artigo te esclareceu, mas você quer conversar mais sobre isso, entre em contato comigo.
Podemos marcar uma reunião on-line sem nenhum compromisso comercial.
Ou, podemos iniciar um processo de Mentoria para o seu negócio na fotografia. Terei prazer em te ajudar.