Já parou pra observar com atenção para um muro? Quantos tijolos ou blocos estão ali? Um muro bem construído é uma boa metáfora para o conceito de consistência. Um tijolo a pós o outro, cada um no seu lugar, cada um com a função de compor um todo. Nossa carreira pode (e deve) ser assim também!
Consistência é, na minha opinião, uma virtude editorial. É aquela característica que podemos encontrar na carreira de muitos artistas consagrados, na carreira de muitos dos grandes empresários do mundo, na carreira de acadêmicos brilhantes.
Mas também é uma virtude do cotidiano. Qualquer pessoa simples, comum, pode com dedicação, construir uma jornada consistente nesse mundo. No trabalho, na educação dos filhos, no relacionamento conjugal ou nas suas amizades. Eu devo confessar que é uma virtude que eu invejo e almejo.
Se você quer viver de fotografia, vai querer entender mais a fundo o que é consistência e como construí-la na carreira de fotógrafo.
Consistência é feita de 3 componentes: regularidade, qualidade e coerência.
Regularidade
Fazer suas tarefas dentro de um ritmo, dentro de uma cadência.
Cada pessoa tem um ritmo de trabalho e produção que precisa ser respeitado, claro. Abusar na intensidade pode ser anti-produtivo. É comum que isso aconteça em grandes empresas, mas também no mundo das pequenas.
Por exemplo, lidar com criação de conteúdo e publicações para as redes sociais, é uma tarefa que estressa e oprime muita gente. A sede por resultados pode levar você à ruptura.
É preciso conhecer-se e adequar o ritmo. Para isso eu sugiro sempre que um trabalho seja iniciado com um ritmo mais lento e seja incrementado progressivamente.
Mais importante que muita produção, é a produção dentro de um ritmo constante. Isso é regularidade.
De nada adianta iniciar uma página no Instagram para o seu negócio, fazer 10 publicações na primeira semana e lá pela 4a ou 5a semana o ímpeto de produção e publicação já acabou.
É melhor seguir o conselho da vovó: de grão em grão a galinha enche o papo.
Qualidade
Um trabalho, um portfólio, uma cerreira são consistentes quando mostra um certo corpo de produção grande o suficiente e de qualidade.
Muita produção com baixa qualidade não é consistência.
Qualidade tem componentes de senso comum: coisas que funcionam, coisas que são úteis, coisas que são belas, coisas que duram… Isso tudo pode ser transposto para o nosso trabalho na fotografia.
Mas a qualidade é o componente da consistência onde podemos dar o nosso “toque pessoal”.
A autenticidade e a individualidade podem estar dentro do SEU conceito de qualidade. Se isso acontecer, você terá qualidades únicas no seu trabalho. Sua identidade como fotógrafo precisa transparecer.
Por exemplo, eu acompanho um canal no Youtube da Tatiana Feltrin. Ela é uma booktuber, ou seja, uma apresentadora de canal digital onde se fala sistematicamente de livros.
O que me encanta no jeito dela fazer o trabalho é que ela sempre chama a minha atenção para os elementos mais instigantes das obras. Ela sabe o que encanta os leitores, sempre me deixa com vontade de ler cada livro apresentado.
Ela também tem um jeito leve, preciso e autêntico de falar. Isso me faz parecer mais próximo dela.
Além disso, é claramente uma leitora/booktuber honesta, ela realmente lê e entende com profundidade cada livro, o que parece óbvio, mas não é a realidade dos canais concorrentes.
Coerência
Coerência é a capacidade de costurar todo o seu trabalho, toda a sua obra dentro de uma certa linha. O conjunto todo que, quando visto ao longo do tempo faz sentido sobre si mesmo.
É como um muro blocos aparentes que se apresenta sólido e harmonioso no final da construção.
Para que você consiga coerência no seu trabalho, é preciso tomar dois cuidados, um inicial e outro durante a construção:
Planejamento: você pode definir etapas na sua carreira, fases. Cada etapa merece e se beneficiará de um plano prévio. Tende criar uma linha de pensamento sobre a qual o seu projeto irá se desenrolar.
Correção: de vez em quando “pare um pouco” e tente olhar o seu trabalho mais ao longe. Com visão “grande-angular”. É como olhar o muro do outro lado da rua. O pedreiro vai notar melhor algum desalinhamento.
Consistência no portfólio
Se você acompanha esse blog já sabe o quanto eu afirmo que o portfólio é a principal ferramenta de divulgação do fotógrafo. E no embalo dele (na verdade para embala-lo!), o seu site.
Um portfólio consistente estará sempre atualizado – regularidade. Terá sempre a melhor amostra do trabalho – qualidade. E numa visão geral, soará como um corpo coeso, harmonioso – coerência.
Mas o portfólio não existe isolado. Ele está em um site e em redes sociais.
Essas duas peças do sistema de marketing digital também deve estabelecer uma relação de regularidade, qualidade e coerência.
A identidade visual da marca deve “conversar” com o portfólio. Por trás da marca sempre deve existir uma ou algumas palavras-chaves que dão unidade ao conjunto.
Consistência no seu blog
A própria criação de uma linha editorial bem definida já tende a trazer consistência ao seu conteúdo de blog.
No entanto o blog precisa estar em sincronia com o portfólio. O blog existe para o portfólio!
A idéia por trás do marketing de conteúdo (do qual o blog geralmente é um ator principal) é levar a sua persona até a compra dos seus serviços. Isso acontece de forma muito mais livre de ruídos quando ela, a persona, percebe a coerência em todos os contatos que tem com a sua marca.
No entanto, para além do blog, existem muitos outros formatos de conteúdos que um fotógrafo pode criar.
Consistência no atendimento
Pense por um instante: o que é qualidade e coerência no atendimento?
Um cliente em busca de informação, num primeiro momento, precisa ser entendido, precisa ser ouvido. Ele considerará esse atendimento de qualidade quando recebe as respostas prontamente, de forma precisa e de agradável.
O cliente também precisa perceber que o seu atendimento combina com tudo o resto que ele conhece da marca desse fotógrafo.
Deve existir, mesmo que de forma subjacente, uma linha, um estilo, um modo particular de atender que esteja harmonizado com as demais experiências que esse cliente teve com a marca.
A síndrome do impostor
Sentir-se um impostor é algo comum na carreira de muita gente. Especialmente na carreira de pessoas que são realmente dedicadas e buscam a excelência no que fazem.
Muitos bons alunos de fotografia temem o momento de colocarem seu primeiro portfólio no ar, num site. Eles não se sentem preparados como queriam.
A questão é que, se você não soltar as cordas e deixar seu “barquinho” navegar, você não se torna um bom navegador. Mas se soltar, começa a lidar com as dificuldades que farão de você um expert um dia.
É preciso entender que o portfólio é algo vivo, assim como seu autor. Ele evolui conforme o fotógrafo evolui, em visão, em técnica e em intimidade com o tema.
A construção de uma identidade fotográfica não é algo trivial.
No entanto, assim como numa maratona, é preciso dar os primeiros passos. E a função dos primeiros passos é simplesmente ser os primeiros passos.
Não há como alcançar um resultado que é de longo prazo, sem passar pelas etapas de curto prazo. Não é possível construir um grande portfólio, consistente, sem passar pelo primeiro portfólio que, certamente irá melhorar a cada ciclo de atualização.
Consistência leva tempo
Não é algo que uma empresa consiga demonstrar em 1 ano. É uma virtude de longo prazo. E deve ser reconhecida pelo outro, não propagada pelo consistente.
É um trabalho de todo dia. Uma busca diligente. Uma constante atenção na direção que você traçou para a sua empresa de serviços fotográficos.
Então, ative o visionário que existe dentro de você e estabeleça desde o início que sua visão de longo prazo para sua marca terá a palavra CONSISTÊNCIA na sua declaração.
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